Era fim de tarde , o céu como mágica criava um azul raro , quase
escuro , quase claro.
Ainda estava sentado na areia com os pés descalços, vendo algumas
crianças com seus briquedos típicos de praia, castelos de areia
abandonados , pessoas caminhando e outras correndo.
Eu estava apenas sentado , buscando no fundo da minha memória uma
música que servisse como trilha sonora para aquele cenário. Tenho
costume de associar situações , paisagens ou pessoas a músicas e é
incrível como é interessante fazer isso. Quando tenho saudades de
um lugar é só colocar a música que todos os detalhes se tornam quase
reais novamente.
Sentado ali sem pensar em nada. É como recarregar as energias sem se
preocupar com o dia que está por vir.
Meus olhos agora estavam longe, direto para o mar , para o
ponto máximo onde podem chegar.
Queria saber o que vem depois do fim, depois da linha que divide o azul quase negro do mar com o azul quase escuro do céu.
Fico fantasiando que depois desta linha haja algo nunca visto , que haja
um sentimento nunca experimentado antes e neste transe entre o real e a
imaginação começa a tocar em algum lugar dentro de mim uma melodia.
Esqueço de tudo e me concentro em cada nuance da melodia. Ela vai
tomando todo o espaço e então com todo esse cenário , o mar, a areia ,
os pés descalços , o horizonte , a sede insasiável por novos sentimentos,
eis que surge a letra e começo a sussurar alguns trechos como se
tivesse hipnotizado:
" Lá nesse lugar
O amanhecer é lindo
Com flores festejando
Mais um dia que vem vindo...
Onde a gente pode
Se deitar no campo
Se amar na relva
Escutando o canto
Dos pássaros...
Aproveitar a tarde
Sem pensar na vida
Andar despreocupado
Sem saber a hora
De voltar..."
Pronto , agora eu tinha tudo.
Tinha o momento , a paisagem e tinha a
canção que nunca me deixaria esquecer aquela sensação de estar com o
corpo na areia mas com o espírito longe, longe, além do mar , além do horizonte.
"Carambaaa!!!" Foi a palavra que me veio quando eu acabei de ler.
ResponderExcluirTambém devaneando sobre os exercícios que faço quando prefiro estar só, buscando sensações e sentimentos, que me dão a sensação de fazer parte de uma minoria, que ainda acredita no que não é efêmero.