segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Contos - Além do Horizonte

Era fim de tarde , o céu como mágica criava um azul raro , quase escuro , quase claro.
Ainda estava sentado na areia com os pés descalços, vendo algumas crianças com seus briquedos típicos de praia, castelos de areia abandonados , pessoas caminhando e outras correndo.
Eu estava apenas sentado , buscando no fundo da minha memória uma música que servisse como trilha sonora para aquele cenário. Tenho costume de associar situações , paisagens ou pessoas a músicas e é incrível como é interessante fazer isso. Quando tenho saudades de um lugar é só colocar a música que todos os detalhes se tornam quase reais novamente.
Sentado ali sem pensar em nada. É como recarregar as energias sem se preocupar com o dia que está por vir.
Meus olhos agora estavam longe, direto para o mar , para o ponto máximo onde podem chegar.
Queria saber o que vem depois do fim, depois da linha que divide o azul quase negro do mar com o azul quase escuro do céu.
Fico fantasiando que depois desta linha haja algo nunca visto , que haja um sentimento nunca experimentado antes e neste transe entre o real e a imaginação começa a tocar em algum lugar dentro de mim uma melodia. Esqueço de tudo e me concentro em cada nuance da melodia. Ela vai tomando todo o espaço e então com todo esse cenário , o mar, a areia , os pés descalços , o horizonte , a sede insasiável por novos sentimentos, eis que surge a letra e começo a sussurar alguns trechos como se tivesse hipnotizado:


" Lá nesse lugar                                   
O amanhecer é lindo
Com flores festejando
Mais um dia que vem vindo...

Onde a gente pode
Se deitar no campo
Se amar na relva
Escutando o canto
Dos pássaros...

Aproveitar a tarde
Sem pensar na vida
Andar despreocupado
Sem saber a hora
De voltar..."



Pronto , agora eu tinha tudo.
Tinha o momento , a paisagem e tinha a canção que nunca me deixaria esquecer aquela sensação de estar com o corpo na areia mas com o espírito longe, longe, além do mar , além do horizonte.

Um comentário:

  1. "Carambaaa!!!" Foi a palavra que me veio quando eu acabei de ler.
    Também devaneando sobre os exercícios que faço quando prefiro estar só, buscando sensações e sentimentos, que me dão a sensação de fazer parte de uma minoria, que ainda acredita no que não é efêmero.

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