domingo, 18 de março de 2012

O Barco de Madeira

Um avião caiu, a água subia rápido Não achei que fosse acontecer isso um dia.
Subi até o andar de cima e esperei a água chegar pra que eu pudesse ao menos ter mais tempo pra pensar em tudo que estava acontecendo mas não tive tanto tempo assim. Ela veio depressa e eu tentei não morrer . Nadei e já podia ver os telhados sob meus pés e sem entender direito como tudo estava acabando tão depressa , levando tudo embora com uma força inevitável , uma força que estava apenas esperando a hora certa , o dia certo pra se mostrar implacável.
Enquanto em tentava me manter com os olhos atentos a tudo que acontecia ao meu redor eu vi um homem que tomava conta de um prédio muito alto e achei que entrando lá poderia me salvar pois nunca a água chegaria tão alto mas ele não me deixou entrar , não quis saber se eu tinha medo e perguntei se todas as pessoas que estavam naquele prédio dariam a vida pra protegê-lo como eu o fazia naquele momento? Perguntei a ele quem iria proteger a sua família já que ele estava ali longe dela? Ele olhou pra mim e sem dizer alguma palavra saiu e talvez ele tenha chegado há tempo de abraçar sua esposa e filhos ao menos pela última vez.
A água continuava subindo e eu tive que tentar não afundar e pude ver de longe uma onda que vinha de encontro a mim e a todos que tentavam se salvar , destruindo tudo que ficava pra trás mas na frente dela tinha um pequeno barco de madeira.
Eu já não tinha mais pra onde ir e vi a onda se aproximando e aceitei que nada que eu fizesse poderia mudar o que estava pra acontecer.
Eu estava afundando , e já embaixo d'água senti alguém me puxando pelas mãos. Era alguém do barco de madeira. Um pequeno barco com poucos lugares , poucas pessoas.
E mesmo com a onda que onde passava acabava com tudo o pequeno barco de madeira navegava com se estivesse no mar mais calmo e só fui entender quando enfim chegamos.
Parecia uma grande entrada de caverna no meio do mar mas infelizmente algo aconteceu e apagou da minha memória os primeiros instantes dentro dela e é este espaço vazio que não me deixa em paz.
Minha memória voltou quando já estava andando no que parecia uma grande escola dentro da caverna. Tinha uma biblioteca , salas que pareciam salas de aulas e uma pessoa veio falar comigo mas algo não me deixa lembrar ao certo das suas palavras e eu queria tanto lembrar porque essas palavras me fizeram bem , me deixaram calmo, em paz.
Me senti limpo mas ainda tinha o peso dos meus pecados sobre meus ombros e foi quando uma voz sem rosto , sem corpo , apenas o som em minha cabeça me disse:
Eu sei que você tem muitos pecados mas também muitas virtudes e a maior delas é reconhecer seus pecados diante de mim.

Não sei se tudo isso foi apenas um sonho mas só de lembrá-lo me dá arrepios.
Tenho medo porque pareceu real mas meu maior medo é porque há muito deixei de acreditar e agora a água e barco de madeira vieram provar que não sei nada, não sei nada dos verdadeiros mistérios do mundo então o que me resta é aceitar que sou um pecador e que preciso ter forças para acreditar que posso ser melhor , acreditar que vale a pena ser melhor porque no final alguém poderá te salvar antes que você se afogue em seu mar de pecados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário